"When I was 20 I used to spent a lot of time when I first was in New York smoking herb and then playing Fletcher Hendersen and Sidney Bechet records, and then watching out the window how the world would sync to the music, in hilariously perfect ways. You know, it was just a stoner thing, but it was endless amusement to see how a little accent on a high hat would be with some motion of somebody, every little thing synched to something, it was fantastic". Estas palavras , retiradas de uma entrevista de Jim Jarmusch à revista Wire, aplicam-se na perfeição à experiência espectadora de Os Limites do Controlo, o mais recente filme do cineasta e músico norte-americano, e cuja banda-sonora foi o mote para o Laboratorio Chimico da noite de 11 de Fevereiro de 2010.
Ávido consumidor de música, Jim Jarmusch recorre aos seus discos para imaginar mundos e paisagens visuais que depois tenta concretizar nos seus filmes. O próprio teve um papel activo na cena No-Wave nova-iorquina ao integrar os The Del Bizanteens, quando dava os primeiros passos como cineasta independente. Parte da inspiração drone-rock que domina o universo sonoro de Os Limites do Controlo pode ser brevemente vislumbrados já em Flores Quebradas, filme de 2005, que contou na banda-sonora com Dopesmoker, controverso tema dos Sleep, actualmente extintos mas bifurcados nos OM e High on Fire.
Durante o programa trilharam-se caminhos dispersos pelo rock insuflado a drones de Boris, Michio Kurihara, ou Earth, metaforizando a suspensão temporal da narrativa labiríntica do filme, que acompanha a contemplação visual da arquitectura cosmopolita de Madrid, a atmosfera colonial e abafada de Sevilha, ou o deserto de Almeria, tudo isto em toada arrastada, narcótica, quase suporífera, de quando em quando permeada pelo rock negro, também em câmara-lenta, de Black Angels e Bad Rabbit, o trio musical que Jarmusch integra, criado propositadamente para a recriação musical do filme.
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