Silver Apples of the Moon


I went out to the hazel wood,
Because a fire was in my head,
And cut and peeled a hazel wand,
And hooked a berry to a thread;

And when white moths were on the wing,
And moth-like stars were flickering out,
I dropped the berry in a stream
And caught a little silver trout.

When I had laid it on the floor
I went to blow the fire a-flame,
But something rustled on the floor,
And some one called me by my name:
It had become a glimmering girl
With apple blossom in her hair
Who called me by my name and ran
And faded through the brightening air.

Though I am old with wandering
Through hollow lands and hilly lands,
I will find out where she has gone,
And kiss her lips and take her hands;
And walk among long dappled grass,
And pluck till time and times are done
The silver apples of the moon,
The golden apples of the sun.




“The Song of the Wandering Aengus” escrito em 1893 e incluído no conjunto de poemas do prémio Nobel da literatura irlandês William Butler Yeats, “The Wing among the Reeds”, foi a inspiração do compositor norte-americano Morton Subotnick para um trabalho encomendado e projectado especificamente para a gravação de um disco da editora nova-iorquina Nonesuch em 1967: The Silver Apples of the Moon, cujo lado A escutámos em primeiro lugar durante a crónica. Foi a primeira obra gravada com a ajuda de um sintetizador modular Buchla da série 100, a Electric Music Box criada em 1963, por Donald Buchla, propositadamente para o compositor californiano que, aliás, ajudou a desenvolvê-lo, enquanto trabalhava no San Francisco Tape Music Center, na companhia de Pauline Oliveros, Terry Riley ou Steve Reich.

O som etéreo e vindo de um outro mundo – o do som sintetizado e manipulado pelas máquinas analógicas – cria esse efeito imaginário e espacial que nos permite viajar entre as maçãs prateadas que reflectem a noite lunar e o encantamento dourado dos cabelos daquela deusa metamorfoseada em truta dos versos de Yeats. Mas não são senão glissandos imaginários que acompanham os impulsos eléctricos dos osciladores e o borbulhar das notas líquidas e aleatórias, relampejando erráticas como mariposas magnéticas, esvoaçando em elipses irregulares entre ricochetes de fruta luminescente e assobios de sereias emergindo e imergindo na ondulação das marés electrónicas de Subotnick, como num delírio psicadélico bem ao gosto da época. O lado B, do qual escutámos de seguida um excerto, permite encontrar algumas regularidades rítmicas e padrões harmónicos mais próximos do gosto popular mas ainda muito na vanguarda daquilo que se produziria apenas mais tarde no desenvolvimento da música electrónica. Não obstante, a obra é um marco não só na história da música como da tecnologia, pois estas primeiras caixas de música eléctricas faziam parte de um sonho que projectava a existência de pelo menos um sintetizador em cada sala de estar num futuro virtual. O sonho fora talvez induzido por algum preparado químico artificial, mas a realidade é que hoje qualquer computador doméstico permite aplicações digitais que simulam aqueles básicos moduladores de sons e efeitos sintéticos.

No comments: