Um buraco-de-verme (ou wormhole na língua que cunhou o termo pela primeira vez) é uma figura hipotética na topologia do sistema espaço-tempo acerca da qual a física teórica pós-einsteineana tem especulado e de que a ficção-científica se tem servido desde os meados do século XX. Muito grosseiramente, trata-se de um atalho através do espaço e do tempo que ligaria dois lugares distintos e não contíguos numa geometria não-euclideana, como se se tratasse de uma garganta ligando duas bocas abertas sobre dois momentos e locais distintos. Deste modo alimentou as narrativas que imaginaram o encontro ou mesmo a construção artificial desses buracos e a consequente possibilidade de viajar não só no espaço sideral como através do tempo cósmico. Mas, ainda que a concepção deste dispositivo topológico seja matematicamente possível e resolva eficazmente uma série de problemas abertos pela relatividade geral, muitos astrofísicos recusam a possibilidade de viagens no tempo, na medida em que a extrema instabilidade dessas estruturas provocaria a sua extinção no preciso momento em que um objecto entrasse num desses buracos. Não obstante, as actuais experiências no acelerador de partículas do CERN deram azo à especulação sobre uma eventual demonstração experimental da sua existência a uma escala quântica.
Visualmente, porém, a melhor ilustração do fenómeno poderá encontrar-se na sequência que ficou conhecida como “Star Gate”, no filme de 1968 de Stanley Kubrick, 2001: Odisseia no Espaço. O astronauta David Bowman, criado incialmente pelo escritor Arthur C. Clarke, ao aproximar-se de um monólito na órbita de Júpiter vê-se absorvido, a uma velocidade superior à da luz, por um túnel multi-colorido que distorce os limites da percepção do espaço e do tempo e o arrasta numa viagem, ao mesmo tempo, maravilhosa e aterradora para uma outra dimensão cósmica e existencial. As magníficas imagens do corredor hiperespacial foram criadas por uma técnica já utilizada por John Whitney em “Catalog” de 1961 e adaptada para o grande formato de 2001 por Douglas Trumbull: a técnica do “slit-scan”, que implica o intercalamento de uma película móvel estrategicamente fendida, entre a câmara, também ela móvel, e o objecto filmado, neste caso painéis de vidro pintado. O resultado final é o de uma trip psicadélica inesquecível que culmina no encontro do astronauta com o seu próprio processo de envelhecimento, numa surrealista câmara mobilada ao estilo Luís XV, e à visão da sua própria morte. O reaparecimento do monólito aos seus pés permite uma transformação redentora de Dave num feto envolvido por uma esfera de luz que entra na órbita do planeta terra, simbolizando eventualmente o novo patamar da inteligência. Tudo isto ressoa às experiências enteogénicas tantas vezes relatadas pelos gurus da cultura dos psicotrópicos alucinogénios e, tendo em conta, a época do filme, reflectiria com certeza as aspirações de uma geração.
A sequência “Star Gate” é acompanhada por uma banda sonora também ela extraordinária e que consiste numa mistura de três obras do compositor húngaro György Ligeti: Requiem para soprano, mezzo-soprano, dois coros mistos e orquestra; Atmosphères, uma obra de 1961 para orquestra completa; e ainda Aventures, de 1962, para 3 vozes e 7 instrumentos, ligeiramente alterada para a banda sonora do filme.
Visualmente, porém, a melhor ilustração do fenómeno poderá encontrar-se na sequência que ficou conhecida como “Star Gate”, no filme de 1968 de Stanley Kubrick, 2001: Odisseia no Espaço. O astronauta David Bowman, criado incialmente pelo escritor Arthur C. Clarke, ao aproximar-se de um monólito na órbita de Júpiter vê-se absorvido, a uma velocidade superior à da luz, por um túnel multi-colorido que distorce os limites da percepção do espaço e do tempo e o arrasta numa viagem, ao mesmo tempo, maravilhosa e aterradora para uma outra dimensão cósmica e existencial. As magníficas imagens do corredor hiperespacial foram criadas por uma técnica já utilizada por John Whitney em “Catalog” de 1961 e adaptada para o grande formato de 2001 por Douglas Trumbull: a técnica do “slit-scan”, que implica o intercalamento de uma película móvel estrategicamente fendida, entre a câmara, também ela móvel, e o objecto filmado, neste caso painéis de vidro pintado. O resultado final é o de uma trip psicadélica inesquecível que culmina no encontro do astronauta com o seu próprio processo de envelhecimento, numa surrealista câmara mobilada ao estilo Luís XV, e à visão da sua própria morte. O reaparecimento do monólito aos seus pés permite uma transformação redentora de Dave num feto envolvido por uma esfera de luz que entra na órbita do planeta terra, simbolizando eventualmente o novo patamar da inteligência. Tudo isto ressoa às experiências enteogénicas tantas vezes relatadas pelos gurus da cultura dos psicotrópicos alucinogénios e, tendo em conta, a época do filme, reflectiria com certeza as aspirações de uma geração.
A sequência “Star Gate” é acompanhada por uma banda sonora também ela extraordinária e que consiste numa mistura de três obras do compositor húngaro György Ligeti: Requiem para soprano, mezzo-soprano, dois coros mistos e orquestra; Atmosphères, uma obra de 1961 para orquestra completa; e ainda Aventures, de 1962, para 3 vozes e 7 instrumentos, ligeiramente alterada para a banda sonora do filme.
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