Dois importantes ensaios sobre o efeito da ingestão de drogas e suas implicações mentais e éticas. N'as portas da percepção, de 1954, o romancista inglês descreve suas experiências pessoais com mescalina, alcalóide extraído de um cacto mexicano, sob supervisão médica, enquanto que em céu e inferno, de 1956, faz uma análise crítica do uso de drogas. O autor constata que, se as alucinações produzidas pela droga podem alcançar uma atmosfera mística, também podem conduzir o paciente às margens da auto-aniquilação.
"If the doors of perception were cleansed everything would appear to man as it is, infinite."
Na edição da Via Óptima, o céu e inferno segue-se imediatamente à obra supracitada, embora seja um livro distinto. Aqui Huxley afirma a existência de alternativas, caminhos paralelos ou vias diferentes, referindo que não precisamos necessariamente de substâncias alucinógenas para conhecer o Outro Mundo, assim denominado pelo autor. Várias coisas são arrebatadoras para os antípodas da mente, como as obras de arte, as abstinências, autoflagelações, ou mesmo, muito simplesmente, as orações. Todos estas acções voluntárias, sem excepção, alteram a bioquímica do corpo produzindo efeitos iguais aos do ácido lisérgico ou da mescalina. O livro é ainda devedor das formulações Jungianas de arquétipos colectivos, revelando o motivo dos simbolismos religiosos, característicos em todas as culturas.
Além de descrever com mestria os efeitos da utilização de drogas alucinógeneas, Huxley faz um tratado sobre o uso de drogas e várias questões referentes ao tema são equacionadas, numa obra ímpar para se entender mais sobre a utilização de drogas.
Vasco Otero
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