Um globo formado por uma fina película iridescente de água saponosa cheia de ar que flutua na atmosfera: assim se define a bolha de sabão. A sua película, tão fina como um milésimo de um fio de cabelo, não é senão água encurralada entre duas camadas de moléculas tensoactivas, ou seja, moléculas com pontas hidrofílicas, atraídas pela camada de água e que mantêm assim a bolha intacta, mas com caudas hidrofóbicas que, se agitadas, fazem a bolha explodir. Nela parecem reflectir-se as cores do arco-íris. Porém, esse fenómeno iridescente deve-se tão-somente a uma interferência entre os raios de luz que se reflectem sobre o exterior da película e os que se reflectem no interior da bolha. Essa estrutura tão frágil, mas tão sublime e aparentemente tão geometricamente perfeita sempre encantou tanto os mais ingénuos, as crianças, como os artistas, os poetas e os mais sábios. Uma insignificante maravilha do quotidiano que terá servido a elaboração de complexas teorias matemáticas, físicas e químicas. Pois que, na verdade, nela estão em jogo os três estados da matéria num equilíbrio extremamente frágil e efémero, como se por breves momentos nela se reflectisse todo o cosmos – superfície cosmodélica - antes de desaparecer repentinamente e assim cumprir a sua vocação evanescente. E não passa de uma bolha de sabão! Mas, o mistério deste fenómeno terá mesmo que ver com as qualidades químicas da solução saponosa, isto é, com o facto de no sabão dissolvido com água se formarem cristais líquidos liotrópicos.
 de ar que flutua na atmosfera: assim se define a bolha de sabão. A sua película, tão fina como um milésimo de um fio de cabelo, não é senão água encurralada entre duas camadas de moléculas tensoactivas, ou seja, moléculas com pontas hidrofílicas, atraídas pela camada de água e que mantêm assim a bolha intacta, mas com caudas hidrofóbicas que, se agitadas, fazem a bolha explodir. Nela parecem reflectir-se as cores do arco-íris. Porém, esse fenómeno iridescente deve-se tão-somente a uma interferência entre os raios de luz que se reflectem sobre o exterior da película e os que se reflectem no interior da bolha. Essa estrutura tão frágil, mas tão sublime e aparentemente tão geometricamente perfeita sempre encantou tanto os mais ingénuos, as crianças, como os artistas, os poetas e os mais sábios. Uma insignificante maravilha do quotidiano que terá servido a elaboração de complexas teorias matemáticas, físicas e químicas. Pois que, na verdade, nela estão em jogo os três estados da matéria num equilíbrio extremamente frágil e efémero, como se por breves momentos nela se reflectisse todo o cosmos – superfície cosmodélica - antes de desaparecer repentinamente e assim cumprir a sua vocação evanescente. E não passa de uma bolha de sabão! Mas, o mistério deste fenómeno terá mesmo que ver com as qualidades químicas da solução saponosa, isto é, com o facto de no sabão dissolvido com água se formarem cristais líquidos liotrópicos.
Os cristais líquidos são estados da matéria que apresentam características dos líquidos e dos sólidos simultaneamente e são precisamente as suas qualidades anfifílicas – ao mesmo tempo hidrofílica e hidrofóbica – que permitem ao sabão dissolvido em água passar pela fase liotrópica liquido-cristalina. Os níveis de concentração das moléculas variam e a sua progressão dá-se por diversas fases de auto-organização. A possibilidade de observar, fotografar e filmar ao microscópio a evolução de fases dos cristais líquidos permitiu apreciar os efeitos luminescentes e multicolores produzidos pela interacção da luz.
Em 1978, o realizador de documentários científicos, Jean Painlevé, fez um filme a partir dos trabalhos do biólogo Yves Bouligand sobre a transição de fases de cristais líquidos termotrópicos. Segundo o autor, o filme servia para ilustrar “L’Antarctique”, a última obra musical do compositor francês François de Roubaix – e que escutávamos em fundo -, com as ondulações e transformações morfogenéticas dos cristais líquidos, dignas de um qualquer Liquid Light Show psicadélico dos anos 60. Com efeito, esta banda-sonora havia sido composta em meados dos anos 70 para um documentário do famoso Jacques-Yves Cousteau sobre a Antártida. No entanto, ela fora recusada e, depois da morte do compositor, recuperada por Jean Painlevé. O nome pouco conhecido de François de Roubaix esconde um tale nto musical de extraordinário valor, sobretudo, na composição de bandas sonoras, onde os instrumentos analógicos se concertam harmoniosa e organicamente com os sons electrónicos dos sintetizadores. Embora nunca tenham ouvido falar deste nome, é muito provável que muitos recordem ainda a melodia e as jocosas sequências electrónicas da série de animação Chapi-Chapo, onde duas crianças divertidas brincavam com sólidos geométricos e coloridos. Depois de escutarmos a música de Roubaix, utilizada em “Crystaux Liquides”, ouvimos ainda um excerto de Chapi-Chapo, para fechar com alguma nostalgia uma crónica que começou com meras bolhas de sabão.
nto musical de extraordinário valor, sobretudo, na composição de bandas sonoras, onde os instrumentos analógicos se concertam harmoniosa e organicamente com os sons electrónicos dos sintetizadores. Embora nunca tenham ouvido falar deste nome, é muito provável que muitos recordem ainda a melodia e as jocosas sequências electrónicas da série de animação Chapi-Chapo, onde duas crianças divertidas brincavam com sólidos geométricos e coloridos. Depois de escutarmos a música de Roubaix, utilizada em “Crystaux Liquides”, ouvimos ainda um excerto de Chapi-Chapo, para fechar com alguma nostalgia uma crónica que começou com meras bolhas de sabão.
 de ar que flutua na atmosfera: assim se define a bolha de sabão. A sua película, tão fina como um milésimo de um fio de cabelo, não é senão água encurralada entre duas camadas de moléculas tensoactivas, ou seja, moléculas com pontas hidrofílicas, atraídas pela camada de água e que mantêm assim a bolha intacta, mas com caudas hidrofóbicas que, se agitadas, fazem a bolha explodir. Nela parecem reflectir-se as cores do arco-íris. Porém, esse fenómeno iridescente deve-se tão-somente a uma interferência entre os raios de luz que se reflectem sobre o exterior da película e os que se reflectem no interior da bolha. Essa estrutura tão frágil, mas tão sublime e aparentemente tão geometricamente perfeita sempre encantou tanto os mais ingénuos, as crianças, como os artistas, os poetas e os mais sábios. Uma insignificante maravilha do quotidiano que terá servido a elaboração de complexas teorias matemáticas, físicas e químicas. Pois que, na verdade, nela estão em jogo os três estados da matéria num equilíbrio extremamente frágil e efémero, como se por breves momentos nela se reflectisse todo o cosmos – superfície cosmodélica - antes de desaparecer repentinamente e assim cumprir a sua vocação evanescente. E não passa de uma bolha de sabão! Mas, o mistério deste fenómeno terá mesmo que ver com as qualidades químicas da solução saponosa, isto é, com o facto de no sabão dissolvido com água se formarem cristais líquidos liotrópicos.
 de ar que flutua na atmosfera: assim se define a bolha de sabão. A sua película, tão fina como um milésimo de um fio de cabelo, não é senão água encurralada entre duas camadas de moléculas tensoactivas, ou seja, moléculas com pontas hidrofílicas, atraídas pela camada de água e que mantêm assim a bolha intacta, mas com caudas hidrofóbicas que, se agitadas, fazem a bolha explodir. Nela parecem reflectir-se as cores do arco-íris. Porém, esse fenómeno iridescente deve-se tão-somente a uma interferência entre os raios de luz que se reflectem sobre o exterior da película e os que se reflectem no interior da bolha. Essa estrutura tão frágil, mas tão sublime e aparentemente tão geometricamente perfeita sempre encantou tanto os mais ingénuos, as crianças, como os artistas, os poetas e os mais sábios. Uma insignificante maravilha do quotidiano que terá servido a elaboração de complexas teorias matemáticas, físicas e químicas. Pois que, na verdade, nela estão em jogo os três estados da matéria num equilíbrio extremamente frágil e efémero, como se por breves momentos nela se reflectisse todo o cosmos – superfície cosmodélica - antes de desaparecer repentinamente e assim cumprir a sua vocação evanescente. E não passa de uma bolha de sabão! Mas, o mistério deste fenómeno terá mesmo que ver com as qualidades químicas da solução saponosa, isto é, com o facto de no sabão dissolvido com água se formarem cristais líquidos liotrópicos.Os cristais líquidos são estados da matéria que apresentam características dos líquidos e dos sólidos simultaneamente e são precisamente as suas qualidades anfifílicas – ao mesmo tempo hidrofílica e hidrofóbica – que permitem ao sabão dissolvido em água passar pela fase liotrópica liquido-cristalina. Os níveis de concentração das moléculas variam e a sua progressão dá-se por diversas fases de auto-organização. A possibilidade de observar, fotografar e filmar ao microscópio a evolução de fases dos cristais líquidos permitiu apreciar os efeitos luminescentes e multicolores produzidos pela interacção da luz.
Em 1978, o realizador de documentários científicos, Jean Painlevé, fez um filme a partir dos trabalhos do biólogo Yves Bouligand sobre a transição de fases de cristais líquidos termotrópicos. Segundo o autor, o filme servia para ilustrar “L’Antarctique”, a última obra musical do compositor francês François de Roubaix – e que escutávamos em fundo -, com as ondulações e transformações morfogenéticas dos cristais líquidos, dignas de um qualquer Liquid Light Show psicadélico dos anos 60. Com efeito, esta banda-sonora havia sido composta em meados dos anos 70 para um documentário do famoso Jacques-Yves Cousteau sobre a Antártida. No entanto, ela fora recusada e, depois da morte do compositor, recuperada por Jean Painlevé. O nome pouco conhecido de François de Roubaix esconde um tale
 nto musical de extraordinário valor, sobretudo, na composição de bandas sonoras, onde os instrumentos analógicos se concertam harmoniosa e organicamente com os sons electrónicos dos sintetizadores. Embora nunca tenham ouvido falar deste nome, é muito provável que muitos recordem ainda a melodia e as jocosas sequências electrónicas da série de animação Chapi-Chapo, onde duas crianças divertidas brincavam com sólidos geométricos e coloridos. Depois de escutarmos a música de Roubaix, utilizada em “Crystaux Liquides”, ouvimos ainda um excerto de Chapi-Chapo, para fechar com alguma nostalgia uma crónica que começou com meras bolhas de sabão.
nto musical de extraordinário valor, sobretudo, na composição de bandas sonoras, onde os instrumentos analógicos se concertam harmoniosa e organicamente com os sons electrónicos dos sintetizadores. Embora nunca tenham ouvido falar deste nome, é muito provável que muitos recordem ainda a melodia e as jocosas sequências electrónicas da série de animação Chapi-Chapo, onde duas crianças divertidas brincavam com sólidos geométricos e coloridos. Depois de escutarmos a música de Roubaix, utilizada em “Crystaux Liquides”, ouvimos ainda um excerto de Chapi-Chapo, para fechar com alguma nostalgia uma crónica que começou com meras bolhas de sabão. 
